Conflitos Internos

Resolução de Conflitos Internos

Resolução de Conflitos Internos

Certamente já aconteceu com você de ter conflitos internos que, por querer duas coisas opostas, você ficou travado e não conseguiu fazer nenhuma das duas.

É, por exemplo, quando você quer acordar mais cedo e ao mesmo tempo que dormir mais um pouco. Ou então quando quer fazer uma dieta mas também quer comer salgadinhos e doces.

Nesses momentos, usamos uma teoria, que podemos considerar como um pressuposto, chamado de teoria das partes. Na realidade nossa mente é uma coisa só, mas ajuda imaginar que ela seja separada em partes.

Essa forma de pensar sobre a organização da mente é bastante útil para várias técnicas . Em seus livros, Connirae Andreas usa muito desta teoria que em inglês é chamada de Parts Integration.

Passo-a-passo para a Resolução de Conflitos Internos

Existem duas variações desta técnica de resolução de conflitos internos sendo uma delas a imaginação interna das duas partes e a outra imaginar externamente, na palma das mãos, as duas partes.

Há também outra variação é fazer um exercícios mais analítico e investigativo ou apenas um exercício metafórico deixando o inconsciente escolher como resolver internamente.

Dessa forma, neste artigo vamos explorar o passo-a-passo interno e analítico, mostrando também um pouco da intervenção metafórica.

1- Identificar o conflito

O primeiro passo é apenas identificar qual é o conflito que o cliente está tendo e deseja resolver. Para a explicação, vamos pegar o exemplo de um cliente que queira acordar mais cedo, mas tem tido dificuldades.

Ao perguntar para esse cliente “por que você não está conseguindo acordar mais cedo?” ele responde “pois gosto de ficar acordado até tarde para assistir séries”.

Obviamente há duas partes conflitantes. Uma delas quer ficar assistindo séries enquanto a outra quer acordar mais cedo. Para resolver este conflito, vamos para o próximo passo.

2- Criar as partes

Explique para o seu cliente a teoria das partes. Segue um exemplo de explicação, feita pelo Rafael Rocha:

“Nossa mente é uma única peça e funciona de maneira integrada. Entretanto, é útil imaginarmos que ela se organiza em partes, isso não necessariamente é verdade, mas trás um bom resultado. Pense bem: essa situação que você me relatou, funciona como se uma parte sua desejasse uma coisa e a outra parte desejasse o oposto. Você topa agora imaginarmos essas duas partes?”

Rafael Rocha

Após essa explicação, você pode começar por uma das partes. Peça ao cliente que escolha uma dessas partes para começar.

Se você for trabalhar de maneira interna e analítica, peça que ele imagine um personagem, pode ser um personagem real ou criado, humano ou não. Imagine o máximo de detalhes possíveis. É útil guiar seu cliente pelas três modalidades.

Após seu cliente criar o primeiro personagem, você pode sugerir criar um nome, seja um nome próprio ou de objeto ou ainda metafórico.

Então repita o processo para criar a outra parte. Assim, dado o exemplo do passo anterior, digamos que o cliente tenha criado os seguintes dois personagens:

Batatão – é um homem obeso que usa shorts e a camiseta mostrando o umbigo e fica deitado no sofá assistindo séries o dia todo.

Sr. Certinho – é um homem magro, bem arrumado que passa a vida toda preso no trabalho fazendo tudo certo para ser bem sucedido.

Note que o practitioner não deverá julgar se os personagens parecem bons ou ruins, se um é melhor que o outro ou não. Deixe o inconsciente do cliente trabalhar.

3- Intermediando o conflito interno

Você já viu uma pessoa intermediando um conflito entre outras duas pessoas?

Essa pessoa, que podemos chamar de juiz, busca entender o que cada uma das outras duas deseja e busca encontrar um ponto de equilíbrio.

Na resolução de conflitos internos, o próprio cliente será o juiz. Portanto, guie-o para investigar cada uma das partes (imagine no lugar de [nome], o nome dado pelo cliente a cada parte):

“Agora, quero que você se imagine de frente com o [nome], pergunte para ele: ‘o que você quer?’. A resposta provavelmente será um pouco óbvia, então pergunte ‘por que você quer isso?’.

Essa pergunta “por que você quer isso?”, é uma comunicação de meta-modelo. Apesar de ela segmentar para baixo (mais específico), ao ser repetida várias vezes, aos poucos ela se torna uma pergunta ericksoniana e começa a segmentar para cima (mais abrangente).

No exemplo que escolhemos, o cliente poderia ter o seguinte diálogo com o “batatão“:

  • O que você quer?
  • Eu quero assistir minhas séries em paz!
  • Por que você quer isso?
  • Para relaxar.
  • Por que você quer relaxar?
  • Por que me sinto exausto.
  • Por que você se sente exausto?
  • Por que trabalho muito.
  • Por que você trabalha muito?
  • Por que quero ganhar melhor.
  • Por que você quer ganhar melhor?
  • Para poder aproveitar melhor a vida.

Não existe uma regra de quando parar de fazer as perguntas. A idéia final é achar um ponto em comum para a resolução de conflito, mas você poderá retornar para o primeiro personagem e fazer as perguntas novamente.

Depois, o diálogo com o “Sr. Certinho” pode seguir da seguinte forma:

  • O que você quer?
  • Eu quero acordar mais cedo para fazer uma rotina matutina!
  • Por que você quer isso?
  • Para ter mais produtividade no trabalho.
  • Por que você que ser mais produtivo no trabalho?
  • Para ser promovido.
  • Por que você quer ser promovido?
  • Para ganhar melhor.

Neste ponto não é mais necessário fazer mais perguntas. Já achamos um ponto em comum entre as duas partes.

4- Acordo

Nesta parte da resolução de conflitos internos, ajude seu cliente a criar um acordo entre as partes. Um exemplo da explicação:

“Me parece que tanto o Batatão quando o Sr. Certinho desejam a mesma coisa: ganharem melhor. Você, como o juiz que está ajudando os dois a se reconciliar, tem alguma sugestão para eles?”

É provável que o cliente já consiga uma solução como “bem, eles poderiam definir um horário limite para assistir séries e depois disso é cama! Também, poderia definir que o dia que não acordar no horário, não pode assistir séries”.

Essa parece uma boa solução, mesmo assim é necessário testá-la. Algumas vezes a primeira solução resolve, outras vezes é necessário voltar ao passo 3 repetidamente.

Para sabermos, temos que fazer o próximo passo…

5- Teste a ecologia

Para testar a ecologia, peça ao seu cliente que pergunte a cada uma das partes se ficarão satisfeitas: “Batatão, se a partir de hoje você continuar podendo assistir séries, mas por um tempo limitado, isso vai fazer com o Sr. Certinho consiga mais dinheiro para você. Isso é algo que você está disposto a fazer?”.

Caso o cliente consiga um sim congruente das duas partes, ele conseguiu resolver o conflito interno. Entretanto, se ele obtiver um não de uma das partes, continue segmentando no passo 3, ou simplesmente bole mais opções no passo 4.

Conclusão sobre a resolução de conflitos internos

Ter a solução não significa que ela será automaticamente implementada. Dessa forma, para implementar a solução e integrá-la, utilize uma técnica da PNL que seja relevante.